Vídeo: crianças marcham e empunham réplicas de fuzis dentro de escola

 

Imagens foram gravadas dentro da Escola Estadual Santa Bárbara, na Vendinha, em Padre Bernardo (GO). Colégio vai rever projeto

atualizado 30/08/2022 23:34

Crianças com simulacros de arma de fogo - Metrópoles
Reprodução / Redes sociais

Imagens de crianças marchando e com simulacros de armas de fogo viralizaram nos últimos dias nas redes sociais. Os vídeos teriam sido gravados em uma escola pública no bairro Vendinha, em Padre Bernardo (GO), a 82 quilômetros de Brasília.    Imagens mostram crianças com simulacros:

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Veja o vídeo:

Enquanto um homem dá instruções de ordem unida – comum dentro dos quartéis -, quem grava as imagens narra, incrédulo: “Crianças aprendendo a manusear armas na Vendinha”. Ainda segundo o locutor da gravação, o curso teria sido promovido pela “Guarda Mirim”, dentro Escola Estadual Santa Bárbara      

Medida será revisada

Metrópoles conversou com a direção do colégio. Segundo a coordenação, a unidade de ensino cedeu o espaço para a Guarda Mirim há aproximadamente 6 meses. O projeto teria o apoio da prefeitura de Padre Bernardo.

De acordo com a direção, a proposta inicial era proporcionar disciplina, autocontrole, valores cívicos e morais, com princípios militares. No entanto, a coordenação alegou que não teria conhecimento das atividades com simulacros que se assemelham bastante a fuzis de assalto.

A Guarda Mirim atende crianças de toda região da Vendinha. A partir da divulgação das imagens do treinamento, a direção da escola anunciou que pretende rever a parceria.  Após questionada pelo Metrópoles, a gestão do estabelecimento educacional admitiu que o uso de armas, mesmo que falsas, é “desnecessário” e “pode alimentar pensamentos violentos entre as crianças e adolescentes”.

Fora das atividades da escola

Segundo a Secretaria de Educação de Goiás, o vídeo não seria recente e mostra uma dinâmica da Guarda Mirim, que não faz parte das atividades da escola. O projeto recebeu autorização para ocupar o pátio do colégio aos domingos, por um período de duas horas.

“Esse projeto foi apresentado à gestão da escola, estudantes e pais como ação de promoção de boas noções de educação, cidadania e civismo com direcionamento para carreiras militares”, argumentou a pasta.

Ainda de acordo com o órgão público, a participação de alunos teria se dado a partir do interesse deles próprios, com a anuência dos respectivos responsáveis. “Que, inclusive, fizeram a inscrição se responsabilizando pelo acompanhamento de seu filho”, destacou a secretaria.

Averiguação

A reportagem também entrou em contato com o secretário municipal Elkson Barbosa. Segundo o gestor, a parceria com a Guarda Mirim ainda estaria em fase de avaliação. O projeto apresentou um pedido de apoio para a aquisição de fardas, botinas e coturnos. Antes de ocupar a escola, a Guarda Mirim oferecia as aulas na quadra coberta da secretaria do distrito.

“Em se tratando de crianças e adolescentes, acho essa realização de atividades desnecessária”.           A Guarda Mirim é coordenada pelo sargento da reserva da Aeronáutica Hélio Pereira Pinto, de 65 anos. Em 1992, o militar lançou projeto similar em Trombas (GO), fomentando a “honestidade, patriotismo, educação militar, respeito à bandeira, civismo combate contra incêndio, primeiros-socorros, segurança e cuidados domésticos”.

As réplicas de armas de grosso calibre passaram a integrar as atividades quando projeto migrou para a Vendinha, há aproximadamente quatro meses. “O simulacro é como se fosse um cerimonial. Usar a arma como o soldado usa no quartel e fazer todas aquelas alegorias, digamos assim”, disse o militar, negando que a atividade seja um estimulo ao uso de armas verdadeiras.

Ele também ressaltou que o projeto conta com apoio dos pais. “A grande maioria dos marginais nunca nem pegou em arma e, quando chega a uma certa idade, pega a arma e vai fazer coisa errada. Nesse caso, não há estimulo. Há um incentivo para ser um bom cidadão, para ser um militar das Forças Armadas ou mesmo da polícia no futuro”, argumentou.

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